Encontre mensagens mais antigas

sábado, 8 de abril de 2017

As Minhas Leituras - Paper Girls - Volume 1

Felizmente, ao longo dos últimos anos, a publicação de banda desenhada em português tem crescido bastante. Editoras como a Levoir, a G Floy ou a Devir têm cada vez mais aumentado o número de publicações em território nacional e muitas grandes obras estão agora disponíveis dos super-heróis às novelas gráficas, passando pela ficção científica, pela fantasia, pelo crime e por manga variada. E um desses títulos que mais me interessou foi Paper Girls de Brian K. Vaughan e de Cliff Chiang, contando com as cores de Matt Wilson. Ainda só saiu o primeiro volume em português, lançado na Comic-Con do ano passado pela Devir. Depois de vários meses, decidi aproveitar as promoções de 20% em livros que a Fnac fez no passado fim-de-semana e adquirir este volume e uma outra banda desenhada que terá direito a uma análise num futuro próximo.
Resultado de imagem para paper girlsE de que trata Paper Girls - Volume 1? A história tem como protagonista Erin Tieng, uma rapariga que vive com a sua família de classe média nos subúrbios de Stony Stream, Na noite de Halloween de 1988, Erin levanta-se de madrugada para distribuir jornais, como costuma fazer mas é atacada por uns adolescentes. Nesse instante surgem Mac, Tiffany e KJ, outras entregadoras de jornais que a ajudam. Ao fim de uma introdução, as quatro decidem fazer a entrega juntas, para se conhecerem melhor.
Mas o que sucede é que essa madrugada sofre acontecimentos fantásticos como aparições de dinossauros, visitas de viajantes no tempo e desaparecimentos misteriosos de pessoas. No resto da história, as quatro tentam desvendar o que quer que possa estar a acontecer, enquanto o leitor faz o mesmo, dado que há momentos que nos fazem sentir perdidos na quantidades de incidentes sobrenaturais que estão a surgir.
Achei que o livro é excelente mas notei alguns pontos negativos. O primeiro é a confusão provocada ao leitor pela falta de explicações, associado ao facto de o livro não ter uma verdadeira conclusão, deixando que os números seguintes possam clarear certos acontecimentos. Houve demasiadas cenas sem verdadeiro impacto na história completa, que quase que só serviram para introduzir personagens sem as desenvolver, deixando-me curioso com as mesmas, mas não o suficiente para sentir a sua falta. Penso que há um grande desequilíbrio no desenvolvimento das quatro raparigas principais. Erin é a mais desenvolvida, como seria de esperar; Mac tem bons momentos de história própria, que espero que tenham seguimento no próximo volume; Tiffany tem uma cena que mudou a minha perceção dela e que a tornou bem mais interessante, espero também que continuem o bom trabalho que estão a ter com ela; e por fim, KJ, tem um desenvolvimento quase inexistente. Toma certas atitudes bastante curiosas ao longo da obra mas não tem nenhum traço que a demarque do resto das outras protagonistas.
Em termos de pontos positivos, a minha lista é demasiado grande para a referir na íntegra, sinceramente. Por isso, irei apenas referir as melhores qualidades da obra. A arte é simplesmente bonita: Chiang cria um ambiente com o seu traço influenciado pela banda desenhada asiática e as cores de Wilson dão um estilo memorável à obra. Os dois conseguem fazer painéis inteiros sem uma palavra, com excelentes momentos e a passar toda uma estética que seria dificilmente atingível com o texto a acompanhar as ilustrações. A premissa da história também é muito interessante, conseguindo abordar temas clássicos da ficção científica, dando-lhes mais vivacidade pelos temas Bíblicos e temas de conspirações adjacentes. Também o ritmo da história é muito bom: Há cenas de ação e de tensão que fazem o leitor ficar colado ao livro mas sempre equilibrados por momentos de diálogo entre as nossas heroínas ou por uma cena que nos leva para outro local da cidade, com personagens que apenas servem para nos dar a conhecer um certo acontecimento (se bem que esta não seja a melhor escolha, na minha opinião). É também um livro que remonta para a infância, já que as protagonistas têm apenas 12 anos, lembrando qualquer um dos tempos mais simples e mais aventureiros da nossa vida.
Para mim, é um livro que vale a pena ler, especialmente por estes aspetos mencionados. Mesmo o lado mais negativo é quase inteiramente baseado em pequenos pormenores que em nada influenciam a experiência global que se tem da obra. Recomendo-o então a todos os que apreciam uma história que nos traga nostalgia, um sentimento de aventura e momentos de elevada tensão que prendem os leitores mais interessados.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

As Minhas Leituras - Joker - O Príncipe Palhaço do Crime (No Coração das Trevas DC - Volume 1)

Em primeiro lugar, tenho de pedir desculpa a todos os leitores pela minha ausência. Neste ano letivo tenho tido mais trabalho e manter atualizações regulares no blog tem sido extremamente difícil para mim. No entanto, vou voltar a fazer análises na rubrica As Minhas Leituras, começando pelos mais recentes volumes da Levoir, no âmbito da coleção No Coração das Trevas DC
Joker- O Príncipe Palhaço do Crime é uma antologia de histórias de diversas épocas e de dversos autores tendo por base o Joker e a sua constante dualidade com Batman. O tomo começa com uma introdução de duas páginas a toda a coleção pelo habitual autor José Hartvig de Freitas. Ao contrário das outras coleções da Levoir dedicadas aos universos Marvel e DC estes livros não têm textos introdutórios sobre as histórias que se seguem mas apenas uma referência global neste primeiro livro.
Posteriormente há um pequeno resumo da origem do Joker que se destaca por ser desenhada por Brian Bolland, o artista da história Piada Mortal, uma das mais marcantes deste vilão. Após tudo isto, chegamos às histórias. As primeiras duas são os primeiros encontros entre Batman e Joker de sempre e não saem dos típicos arquétipos de histórias da Era de Ouro da Banda Desenhada. É notável a influência de Conrad Veidt na criação do Joker e é sempre interessante esta análise mais simples das duas personagens.
A seguir, temos uma brilhante história de uma das maiores duplas da banda desenhada americana de sempre: Dennis O'Neil e Neal Adams. O argumento é sólido e tem um final que parece ser um precursor de, mais uma vez, Piada Mortal. A história também reforçou uma opinião que tenho há já algum tempo de que Neal Adams é dos melhores ilustradores de sempre. O seu estilo era tão avançado comparado com outros autores dos anos 70, que a sua arte mudou o panorama das bandas desenhadas americanas. Esta é uma história que me era desconhecida antes de ler o livro mas que fico muito contente por a ter lido. Uma excelente pérola desta dupla maravilhosa.
Resultado de imagem para joker the man who laughs ed brubaker

Passando para 2005, chega-nos O Homem que Ri, uma história que já tinha lido na coleção Os Clássicos da Banda Desenhada - Série Ouro, que tenho emprestada. Quando li a história há uns cinco anos gostei dela mas agora fiquei a gostar ainda mais. Nestes cinco anos li muitas histórias e era possível a minha opinião ter-se alterado, gostando menos da narrativa. Mas não, achei muito interessante ser quase um remake da primeira história do Joker de sempre e do facto de muitos aspetos dela terem sido transpostos para o grande ecrã nos filmes de Christopher Nolan. É definitivamente uma das melhores histórias que já li, no que toca a explorar o Joker.
Por último há uma história bastante recente que não tem nenhum elemento que a torne excepcional. Pelo contrário, o argumentista tentou explorar a infância do Joker, que é sempre algo que me desagrada. O ponto forte deste criminoso é o facto de não ter identidade. Isso é que o torna tão eficaz e tão curioso. Sempre que se tenta explicar uma razão para ser assim (exceto, claro, em Piada Mortal (pois é dada uma explicação satisfatória do porquê de Joker estar tão alterado, sem ser a razão baseada na "vítima tornada opressora" clássica) eu acabo por perder o interesse. É por isso que não consigo achar o primeiro filme de Tim Burton do Batman algo tão bom assim.
Resumindo, achei este volume excelente. Deu-me boas histórias e acabou por mudar um pouco a minha visão desta personagem marcante que o Joker é, um vilão que nunca conseguiu encantar-me como encantou tantos outros fãs de banda desenhada (apesar de o achar um excelente vilão, apenas não o maior dos vilões). Tenho acompanhado esta nova coleção e novas análises estarão presentes no blog nos próximos dias.