Encontre mensagens mais antigas

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

As Minhas Leituras - One-Punch Man Volumes 1 e 2

O humor nos animes e nas mangas é um dos aspetos que mais me desilude quando vejo ou leio uma série. Encontrar uma história nestes meios que tenha boas piadas, personagens engraçadas e seja verdadeiramente cómica pode ser uma tarefa difícil. No entanto, quando há cerca de ano e meio vi One-Punch Man, uma das maiores referências do género, fiquei extremamente feliz. À exceção de Haruhi Suzumiya, de Clannad e de Konosuba, poucos foram os animes que me fizeram rir e este One Punch Man era definitivamente mais um para se juntar a essa lista tão restrita.
E devem imaginar a minha alegria quando soube que a Devir ia publicar a manga que deu origem ao anime em português. Comprei o primeiro volume pouco depois de
ter saído mas só agora, agora que acabei o segundo, é que encontro tempo para os analisar.
Mas o que é One-Punch Man? Originalmente é um webcomic escrito e desenhado por One, um autor muito talentoso mas com alguns problemas no desenho. Felizmente, Yusuke Murata decidiu escrever ao autor original e pedir-lhe o lugar de desenhador da série. Assim, nasceu One-Punch Man como vem aqui publicado, uma série de manga com excelentes desenhos e uma história muito boa. 
A nossa personagem principal é Saitama, um herói nos tempos livres, que escolheu sê-lo para escapar aos aborrecimentos de uma vida normal. Mas mais do que seria de esperar pela figura, o protagonista é incrivelmente forte: com apenas um soco, consegue destruir qualquer inimigo desde terroristas a monstros. Com ele está Genos, um ciborgue que também tem poderes extraordinários mas que precisa de ter um mestre como Saitama para ficar ainda mais forte. E é assim que estas duas personagens criam muitas situações cómicas: desde Genos a aborrecer Saitama com a sua história de origem, a uma luta terminada abruptamente para que os nossos heróis possam aproveitar as promoções do super-mercado local, a química entre os dois seres de poderes fantásticos torna esta série espetacular.
Mas One-Punch Man é muito mais do que isso: para além de todo o potencial cómico que me faz rir durante capítulos inteiros, há ainda um cuidado muito notável nas cenas de luta, sempre de forma a parodiar animes de ação populares. E, parecendo que pode sair do tom, nestes dois volumes são colocados momentos de intenso dramatismo que são meticulosamente quebrados em pontos de interesse cómico, não deixando que One-Punch Man se torne demasiado sério, o que mantém uma fluidez ao longo dos livros.
Sinceramente, esta é uma das melhores séries de banda desenhada em publicação. Apesar de ter visto o anime, continuo a achar refrescante esta leitura de material que foi integralmente adaptado na série de 12 episódios. A edição portuguesa da Devir é muito boa, tendo sido escolhido um tipo de papel (e especialmente de capa) muito agradável, para além da tradução ser impecável, com excelentes alterações de certos elementos para algo mais acessível a leitores portugueses, sem estragar de maneira alguma a leitura.
Aconselho vivamente a aquisição destes livros. Assim que adquirir o terceiro volume em português, escreverei também uma crítica para o blog. Por enquanto, comprem e leiam esta brilhante história.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

As Minhas Leituras - Valérian - O Império dos Mil Planetas / O País Sem Estrela

Com várias semanas de atraso, trago hoje a crítica ao segundo álbum duplo de Valérian, da atual coleção da ASA, que inclui O Império dos Mil Planetas e O País Sem Estrela
A primeira história, que serve de principal inspiração para o filme da personagem que estreou no mês passado, é considerada a primeira aventura de Valérian no estilo que tanto marcou esta banda desenhada. Já inclui o traço clássico da personagem e no argumento há já uma história mais complexa, com um vilão diferente do típico rival que caracteriza o primeiro álbum e há até um estudo de toda uma sociedade. Sinceramente gostei bastante deste verdadeiro começo mas penso que o desfecho é muito repentino e que há, assim como na história anterior, demasiadas cenas curtas. Essas cenas levam a que pareça uma aventura mais rápida, sem desenvolvimento das personagens nem do mundo que é tão rico. No final, penso que foi dado muito pouco impacto aos acontecimentos e que não houve uma conclusão digna da história. No entanto, é uma grande aventura, com desenhos muito bonitos, incluindo numas duas ou três pranchas de uma vinheta só, em que se destaca o desenho de Méziéres. Considero ainda que os diálogos são extraordinários e que se deu um aprofundamento das personagens principais que as tornou muito mais humanas.
A segunda história tem também o desenvolvimento de um mundo estranho mas de forma muito melhor pensada e executada. Acho que até agora foi a melhor história. A arte continua a ser maravilhosa e é a primeira vez que se abordam os papéis de género e a luta contra a dominância destes, um aspeto que se torna numa das maiores marcas desta saga em relação a outras bandas desenhadas. É ainda a aventura em que Laureline mais se destaca e em que é vista como igual face a Valérian.
Concluindo, este segundo tomo da coleção da ASA, em parceria com o jornal Público, é mais uma grande coletânea de uma das maiores séries da banda desenhada mundial e aconselho vivamente a todos os fãs da nona arte. Se não gostaram ou acharam que o primeiro volume da coleção não era tão bom assim, recomendo que tentem mais uma vez com este pois é o primeiro feito no estilo que define esta saga espacial tão bem. Uma leitura obrigatória!

domingo, 13 de agosto de 2017

Cinema: A Beleza Poética de Paterson

Uma das artes que mais me entusiasma é sem dúvida o cinema. E ao longo dos últimos meses, cada vez mais gosto de cinema artístico, independente e sem ser dominado pelo entretenimento e receitas. Não é que desgoste de filmes blockbusters ou filmes mais apelativos ao grande público, apenas prefiro o cinema de autor. E é um desses filmes que decido trazer hoje ao blog, o filme do ano passado que só chegou este ano a grande parte do mundo (no seu lançamento em 2016, só teve projeções em festivais) Paterson.
O filme apresenta-nos a melancólica cidade de Paterson, Nova Jersey, uma cidade industrial onde habita o nosso protagonista, um condutor de autocarros, casado, que reside numa casa mais próxima dos subúrbios da cidade. Ao longo dos seus 118 minutos, a obra acompanha a rotina do motorista, também ele chamado Paterson e interpretado pelo ator Adam Driver, durante uma semana normal nessa cidade. Vemos a sua hora de acordar, sempre por volta das 6 horas e 15 minutos, o seu beijo de bom dia à sua mulher (Golshifteh Farahani), o seu pequeno almoço de cereais e a sua caminhada até à estação, assim como o seu percurso sempre com passageiros diferentes no autocarro 23 e o seu regresso a casa, endireitando a caixa de correio, para além do passeio noturno com o seu cão. O que pode parecer monótono, acaba por se tornar algo maravilhoso: esta rotina está cheio de momentos que enriquecem esta cidade e que acabam por aligeirar o filme ao haver leves momentos de humor entre as conversas dos passageiros do autocarro ou enquanto Paterson bebe a sua cerveja num bar próximo.

Resultado de imagem para paterson


Para além disso, e este é o principal ponto do filme, a personagem de Driver vai escrevendo poesia num pequeno caderno que anda sempre com ele e os versos são inspirados por objetos do seu quotidiano, coisas tão simples como uma caixa de fósforos. Este estilo é muito semelhante ao do poeta William Carlos Williams, um poeta americano conhecido por, entre muitas outras obras, um poema denominado Paterson. Há muitas menções a este poeta durante o filme já que é uma inspiração para o nosso protagonista.
A meu ver, este é um dos melhores filmes dos últimos tempos: há uma leveza que nos é apresentada pelo estilo algo deprimente mas com uma personagem extremamente calma como esta, que não se deixa abalar pelas outras situações que o envolvem. Toda a equipa do filme se esforçou para criar um ambiente interessante que nos dá a sensação de que visitámos mesmo Nova Jersey por uma semana. É gravado com técnicas interessantes de realização, especialmente nas cenas de poesia e há planos que ficam gravados na mente do espectador. Se tivesse algum problema seria o estilo dos poemas que não me agradou tanto quanto pensava que me iria agradar mas eu não sou nenhuma autoridade em poesia e é algo simplesmente subjetivo. Ao fim do dia (ou da semana), este é um dos melhores filmes que vi e uma obra que hei-de rever vezes sem conta. Ainda está em certas salas e recomendo que o vejam.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

O Regresso do Blog

Para os leitores mais antigos do blog, é sabido que já foram muitas as fases que dominaram este blog. E, ultimamente, o blog não tem tido posts nenhuns. Ao longo dos últimos meses tenho tido muito trabalho e muito pouco tempo para aqui escrever. Mas isso vai mudar. O próximo ano letivo será um ano muito mais relaxado e, controlando bem o tempo, poderei fazer dois ou três posts mensais, e isto para não fazer promessas que poderei não cumprir. Se calhar vou conseguir escrever vários posts por semana mas não o quero dizer para o caso de não o poder cumprir.
No segundo ponto, gostava de escrever sobre o tipo de posts que este blog vai albergar. Em princípio, as análises a livros de banda desenhada continuarão a ser recorrentes e esse vai ser o foco do blog. A banda desenhada é uma arte que continuo a apreciar, talvez agora mais do que há uns anos, mas o blog foi-se lentamente tornando num espaço mais dedicado a outros lados do entretenimento artístico. Quero voltar aos tempos de uma quase exclusividade da bd sobre tudo o resto e posts da rubrica As Minhas Leituras serão algo constante. Análises a filmes, outra arte que muito prezo, também estarão mais presentes, apesar de a rubrica Um Filme Por Semana estar cancelada - o trabalho que tinha em trazer um post deste tipo semanalmente era imenso e surgiu numa época em que era cada vez mais difícil arranjar tempo para me dedicar à escrita. Também os ECE, que eram posts que se escreviam com relativa facilidade estarão de regresso, mas talvez com menor presença do que a que tinham há um par de anos atrás. Talvez vá ainda criar novas rubricas para o blog mas estou a deixar isso em aberto. O wordpress que criei no ano passado foi completamente descontinuado para me focar neste blog totalmente.
Por agora é tudo. Quero realmente revitalizar o blog e trazer de volta a atividade frequente e de qualidade. A frequência não vai superar os seis posts diários que trazia há uns cinco anos mas a qualidade será superior a tudo aquilo que fiz até agora, se tudo correr bem. Espero que fiquem desse lado e obrigado por esperarem tanto tempo. E, se acabaram de chegar, espero que gostem!

domingo, 6 de agosto de 2017

As Minhas Leituras - Valérian - Sonhos Maus / A Cidade das Águas Movediças

Mais uma vez, peço imensa desculpa por já cá não publicar há muito e talvez vá mesmo fazer um post daqui a uns dias com algumas reflexões em relação ao rumo que o blog vai tomar e outros assuntos do género. Mas hoje, decidi trazer mais uma análise a uma grande obra publicada agora em português, o início de Valérian.
Quando há umas semanas, a ASA anunciou a coleção dedicada inteiramente a uma das maiores bandas desenhadas de ficção científica, em conjunto com o Público, mal pude verdadeiramente conter o meu entusiasmo. Já li algumas histórias de Valérian e Laureline, uma delas até teve um post aqui no blog no ano distante de 2012 mas nunca tive oportunidade de colecionar todos os tomos. Mas felizmente, a ASA possibilitou-me isso e comprei o primeiro volume no dia de lançamento.
O álbum inclui duas histórias como 11 dos 12 livros que integram esta coleção: a primeira, Sonhos Maus, uma abordagem inicial à personagem Valérian, e uma segunda, A Cidade Das Águas Movediças, com um traço e um estilo muito diferentes.
Sonhos Maus é a típica história piloto de banda desenhada franco-belga, muito experimental e sem tomar riscos. O argumento é simples e somos apresentados à nossa personagem (assim como a Laureline, apesar desta ter um papel secundário nesta aventura), ainda desenhado com um estilo mais direcionado ao público juvenil, muito próximo ainda do cartoon. A história é mais curta e sem grande inovação mas consegue ser uma introdução deveras interessante.
A segunda história tem um desenho menos cartoon mas ainda distante do padrão das histórias seguintes da dupla Valérian e Laureline e esta última surge já com maior destaque (mas, por ser uma história dos anos 60, ainda algo obscurecida pelo herói masculino). Há um grande foco no texto e há uma aventura mais complexa, se bem que ainda presa aos padrões esperados das bandas desenhadas juvenis franco-belgas, ou seja, com desfechos simples e pouco aprofundamento das personagens.
Na minha opinião, estas duas histórias são espetaculares. Por ter lido poucas histórias desta dupla, sempre pensei que seria algo complexo, uma ficção científica muito mais intelectual e era isso que esperava logo desde o começo desta coleção; no entanto, apesar do início ser bem diferente daquilo que esperava, a aventura e o ambiente cativaram-me imenso. Não houve vinheta em que ficasse desinteressado ou desmotivado. Ao início, era algo diferente daquilo que mais esperava mas não posso dizer que fiquei desapontado com o primeiro tomo. Na verdade, agora que já estou a ler o segundo álbum, faço automaticamente paralelos com estas primeiras histórias que se distinguem por um estilo mais leve e divertido.
Recomendo então este primeiro álbum, e toda a coleção, penso, mesmo que não sejam apreciadores da banda desenhada europeia. É uma das maiores obras da ficção científica, e algo que não pode ser recriado. Só tenho de ler o resto das aventuras de Valérian.