Esta rubrica está de volta depois de um momento de grande trabalho em que não tive tempo nem para ver nem para analisar filmes. E hoje, mais um filme que ainda se encontra nos cinemas, X-Men: Apocalipse.
Eu gosto bastante da saga de filmes dos X-Men da Fox. Quando estava a começar a ler banda desenhada, os filmes X2 e X-Men: O Confronto Final captaram-me completamente e acabei por ver todos os filmes da saga principal. E depois de Dias de Um Futuro Esquecido, o último título da saga, que saiu em 2014, ter sido muito adorado pela crítica e por mim só podia esperar coisas emocionantes neste sexto filme da franquia. O lançamento de 2014 complicou muito a saga de filmes dos mutantes e este deveria esclarecer tudo o que se passou, portanto todos os fãs olhavam com grande expectativa para Apocalipse.
E agora, depois de ter visto o filme, que digo sobre ele? Sinceramente desapontou-me um pouco. Não por ser mau pois em termos de qualidade enquadra-se no que esperava mas por ser completamente diferente do que eu imaginava que podia ser.
No filme, o primeiro mutante Apocalipse acorda de um longo sono e quer destruir a Terra para a criar de novo, como a Natureza tantas vezes já fez. Ao mesmo tempo, Magneto vive agora na Polónia como um humano normal e é casado e tem uma filha. Ainda ao mesmo tempo, Scott Summers, o futuro Ciclope, começa a desenvolver os seus poderes mutantes e é levado ao Professor X. E ainda ao mesmo tempo, Mística ajuda Noturno a fugir de uma arena onde é obrigado a lutar na Alemanha de Leste.
Talvez não tenham reparado mas o parágrafo anterior tem frases que não se relacionam e com ações por todo o planeta. Pois é exatamente isso que o filme faz. Em toda a primeira parte, o filme atira situações diferentes ao espectador. E não estou a dizer que não são interessantes, só que não são exploradas. Mas o filme progride e vamos desenvolvendo alguma relação com as personagens. Principalmente as que depois vamos conhecer: Scott está bastante parecido com os filmes da trilogia original e percebemos o porquê de Tempestade ser uma aliada de Professor X tão grande.
Mas há aspetos com os quais não concordo. Para mim, não faz sentido alguém como Magneto que acabou a sua relação com Professor X por odiar os humanos criar uma família durante dez anos. Podia simplesmente estar a planear algo novo mas não, o vilão mais leal aos seus princípios facilmente virou-lhes as costas e criou uma família.
Também não gostei muito de Apocalipse. O seu motivo não é muito claro e até parece que os próprios argumentistas não sabiam qual era. Também acho estranho, ninguém simplesmente concordar com Apocalipse. Para mim e para muita gente, acabar com armas nucleares e tentar virar a humanidade para princípios básicos em vez do dinheiro são ações nobres. E ninguém nos X-Men pensou que seria uma coisa boa? Para mim, isso teria aprofundado mais a história.
E também não gostei nada da repetição da cena do Mercúrio a salvar pessoas em câmara lenta com música à velocidade habitual. Fazê-lo em Dias do Futuro Esquecido ajudou a criar a personagem mas repeti-lo pareceu-me exagerado.
E é basicamente isso. O filme é bom mas falta-lhe personalidade. Não há nenhuma personagem que eu queira ver mais aprofundada por ter gostado tanto dela. Jean Grey, uma das minhas heroínas preferidas de sempre, está muito normal. É explorado o facto de ser muito poderosa mas acaba aí o seu desenvolvimento. Os X-Men, à exceção de Mercúrio têm os mesmos princípios e as mesmas razões para lutarem sem nada que os distinga.
Mas gostei do filme: é um novo capítulo na saga da Fox e isso é sempre um motivo para se estar entusiasmado mas, assim como na referência a Star Wars feita no filme: sem o primeiro não existiriam os outros dois, o segundo não teve medo de desafiar as audiências e o terceiro é o que leva as pessoas a discutirem os dois primeiros. Recomendo-vos mas estejam preparados para algo bem diferente dos outros filmes de Singer desta franquia.
E como recompensa das semanas em que não escrevi episódios desta rubrica, podem preparar-se para duas análises especiais no futuro próximo, dedicadas a dois filmes de Michael Moore, cujo novo filme E Agora Invadimos o Quê? estreia esta semana em Portugal.
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