Aviso de Spoiler - Esta análise poderá incluir spoilers dos dois primeiros volumes do manga Battle Royale. Foram avisados.
Por muito que goste de banda desenhada e de anime, nunca consegui nutrir a paixão que tenho pelos dois pela junção dos dois, a manga. Mas há umas semanas atrás decidi que iria começar a ler algumas séries de manga que me pudessem interessar por terem sido adaptadas para animes que já tinha visto ou por ter uma adaptação má, não existente ou simplesmente inacabada. E a primeira série insere-se na penúltima classe: Battle Royale. Tecnicamente é a adaptação de um livro e a manga ainda deu origem a dois filmes que até se tornaram bastante conhecidos mas a manga é a melhor versão segundo pessoas que contactaram com as três coisas.
A história de Battle Royale é bastante simples. Num Japão distópico, todos os anos é realizado um concurso chamado o Programa que põe adolescentes de uma turma escolhidos ao acaso num jogo de sobrevivência, enquanto espectadores japoneses assistem este festim mortífero. Tudo o que os jogadores têm de fazer é matar todos os outros e tudo o que recebem é um saco com alguns mantimentos e uma arma diferente para cada aluno. O jogo realiza-se numa ilha e é impossível um dos participantes sair de lá já que são obrigados a usar colares identificadores de posição e que podem matar o usuário se este tentar desativá-lo ou fugir por via marítima.
As personagens são realmente o ponto forte desta manga assim como grande parte das obras de sobrevivência. Em primeiro lugar temos Shuuya Nanahara, um rapaz órfão e fã de rock de bom coração que chega à ilha com o seu amigo e companheiro de casa Yoshitoki Kuninobu e que fica chocado quando este é morto na sala inicial. Shuuya decide então proteger a rapariga que Yoshitoki amava, Noriko.
Noriko Nakaagawa é uma rapariga simpática que nunca se mete em confusões mas que se mostra tanto como uma irmã mais nova a ser protegida por Shuuya mas também como uma namorada a tentar cuidar de Shuuya e a preocupar-se sempre que este não está presente.
Para completar o trio de personagens principais temos Shogo Kawada, um rapaz repetente mas que vê coragem e bondade em Shuuya e Noriko e decide ajudá-los já que pensa que estes não sobreviverão muito tempo numa ilha de assassinos. E é a relação entre estas três personagens que nos acompanha ao longo de todos os volumes e que nos faz adorar a série. Apesar de serem tão diferentes, precisam uns dos outros e é assim que conseguem ir sobrevivendo. Por vezes o grupo toma a forma bondosa da liderança de Shuuya, outras vezes a delicadeza de Noriko e outras vezes a frieza de Kawada. E isso é espetacular.
Há ainda outras grandes personagens como Shinji Mimura e os seus extraordinários planos; a máquina de guerra Kazuo Kiriyama; a rapariga com sérias perturbações psicológicas Mitsuko Souma e a lenda das artes marciais Hiroki Sugimura.
Em termos de arte, eu acho que o traço é muito bom mas também penso que com o meu conhecimento de manga sou uma boa pessoa para julgar a arte de uma série de manga.
Em termos gerais eu adorei esta série. Mostrou-me o que uma obra sobre sobrevivência pode fazer e pode significar já que mangas como este saem todos os anos sem nunca chegarem aos pés do original. A relação entre as personagens principais, as violentas cenas de carnificina e as espetaculares e interessantes cenas de história das personagens anteriores à sua participação no jogo fazem deste um dos grande mangas da década passada. Só vejo um problema capaz de deixar alguns leitores desmoralizados: por que razão confiam Noriko e Shuuya em Kawada nos primeiros capítulos. Tecnicamente deviam ser pessoas boas mas estou um pouco farto de todas as personagens bondosas serem estupidamente ingénuas.
Mas de resto esta é uma experiência incrível e deve ser lida por todos os que gostam de uma boa história de sobrevivência assim como personagens incrivelmente profundas.
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