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domingo, 13 de setembro de 2015

As Minhas Leituras - O Regresso do Cavaleiro das Trevas

1986. Haverá maior ano na banda desenhada que este? É difícil que haja... Watchmen, Maus, Demolidor: Renascido e, claro, O Regresso do Cavaleiro das Trevas do autor Frank Miller foram lançados em 86 e marcaram para sempre este meio. Este ano começou também a Era Moderna da banda desenhada americana marcada por uma violência maior na banda desenhada e um realismo que até então não existia com muita frequência. Esta era dura até hoje mas passou por muitas diferenças ideológicas e criativas ao longo dos anos.
Mas continuando, O Regresso do Cavaleiro das Trevas foi um dos maiores marcos culturais de toda a década de 1980, não apenas na banda desenhada. Marcou toda a ficção científica distópica e praticamente deu um novo tom às bandas desenhadas de super-heróis.



A história começa com um Bruce Wayne que deixou de ser o Batman há dez anos. Agora Gotham está ainda mais podre do que estava nas histórias da cronologia normal do Batman (porque esta história passa-se num futuro de um universo alternativo deste herói). É governada por um grupo de delinquentes arruaceiros armados chamados Mutantes e a polícia da cidade é liderada pela corrupção. Até o benevolente Jim Gordon, se vai reformar e deixar para trás o cargo de Comissário. Mas entretanto, Bruce Wayne decide voltar a ser o Batman. Um Batman que promete acabar com os Mutantes. E ele vai tentar a todos os custos. Mas contra ele está praticamente toda a imprensa. Apenas algumas pessoas, todas elas oprimidas acreditam no regresso do heróis. Muitos acham até que Batman não passou de um mito. Mas agora ajudado por uma nova jovem Robin, que acredita mais nos seus ideais do que em qualquer outra coisa, Batman vai retomar o controlo de Gotham e até lutar contra dois dos seus maiores inimigos de outrora: Joker e Duas-Caras que graças ao psiquiatra Bartholomew Wolper recuperaram a sua sanidade mental. Tudo até ao Regresso de Batman.
Também há pontos menores da história que na minha opinião não foram tão bem trabalhados como Oliver Queen e a sua revolta contra o sistema ou a Crise de Mísseis que atormenta Gotham (este último ponto acaba por ter um papel-chave no último capítulo da saga mas ao longo da história é pouco explorado).

Mas além desta espetacular história, também a arte é genial nesta saga. Tudo desenhado por Frank Miller (apenas com arte-final de Klaus Janson), este desenhador consegue ter um estilo adequado a esta Gotham horrível: sujo, desbotado, caras inexpressivas, toda a gente vestida de cinzento... E faz também com que todos os movimentos sejam próprios das personagens como os Mutantes violentos ou a leve e cuidadosa Robin, Os desenhos são todos detalhados e há sempre uma sensação estranha quando alguém que leu a história olha uma das suas pranchas.


E não podia não falar da imprensa nesta história. A imprensa fictícia de vários canais de televisão que mostram as suas opiniões em relação a diferentes assuntos. O décimo aniversário do desaparecimento do Batman, a ameaça de mísseis, as diferentes opiniões sobre o regresso de Duas-Caras. Em grande parte das pranchas, há uma ou mais (normalmente mais do que quatro) vinhetas com canais de notícias com comentadores a falar sobre tudo isto. Há uma presença constante, uma presença que é muito sentida e que ajuda a progredir a história e a inserir o leitor neste universo.

Na minha opinião, esta é uma das melhores minisséries de todos os tempos. Uma das melhores sagas em banda desenhada de sempre. Começando pelo pior: há realmente uma falta de história central ao longo de toda a saga, funcionando mais como um mostruário do que é este Universo alternativo horrível. A história fica um pouco de lado e o clímax do último capítulo não é nada de espetacular, considerando que o caminho que levou a esse acontecimento é muito curto. Passando ao lado bom, o universo funciona muito bem: foi bastante bem criado e só podia ser mesmo assim, uma Gotham sem o Batman. A história, apesar do que mencionei anteriormente continua a ter aspetos muito bons, especialmente todas as menções a antigos eventos do universo de Batman. A arte é realmente uma das melhores de sempre e, como um todo, esta é uma das melhores obras de banda desenhada da década.
É cativante, emocionante, violento e simplesmente fabuloso. Mesmo que não tenham lido muitas histórias de Batman nem sejam grandes fãs de banda desenhada americana, esta é uma saga que mesmo assim aconselho. Simplesmente espetacular.

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