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domingo, 3 de fevereiro de 2013

Teia do Aranha #7 - Colaboração: JLA de Grant Morrison por Nuno Amado

Hoje faço anos e, então, não vou escrever muito no blog. Está escrito em baixo um texto de Nuno Amado (blogger de Leituras de BD, um blogue excelente). Não só é um texto maravilhoso sobre a passagem de Grant Morrison pela JLA como também é a primeira colaboração com este blogue. Se estás interessado em participar com um texto escrito por ti, envia-o para gormitiago@gmail.com. Fiquem agora com o texto de Nuno Amado.

A Justice League of America foi o primeiro grande grupo de super-heróis a ser formado. A sua primeira aparição ocorreu na revista The Brave and the Bold #28 em 1960!
A grelha era composta pelo Superman, Batman, Wonder Woman, Aquaman, Flash, Green Lantern e o Martian Manhunter. O criador deste grupo, não confundir com os criadores destes super-heróis, foi Gardner Fox.

Este grupo viveu altos e baixos, convivendo com grandes vendas e sucesso, mas também com alturas menos boas de publicação… A sua publicação numa revista própria iniciou-se em 1960, e terminou sem interrupções com o número 261 em 1987. A sua grelha de heróis foi mudando ao longo do tempo, uns foram acrescentados, outros substituídos. Assim heróis como Green Arrow, Black Canary, Zatanna, Hawkman, Hawkgirl, Elongated-Man, The Atom, etc. também viram os seus nomes inscritos neste grande grupo de heróis.

Houve um hiato na publicação da série, e aí apareceram vários títulos como Justice League International, Justice League Europe, ou Justice League Task Force… mas as vendas estavam baixas e a DC decidiu em 1996 fazer um “revamp” do grupo entregando o título a Fabian Nicieza e Mark Waid que reuniram os sete heróis iniciais para o arco inicial: A Midsummer's Nightmare.
Depois disto, e é aqui que eu me vou focar, surge a JLA de Grant Morrison em 1997 com uma nova série “on-going”. O desenhador de serviço foi Howard Porter, em conjunto com o colorista John Dell.
As duas primeiras histórias foram “New World Order e American Dreams.
Morrison usou uma nova abordagem ao grupo, limitando este aos seus mais emblemáticos heróis: Superman, Batman, Wonder Woman, Martian Manhunter, Green Lantern (Kyle Rainier), Aquaman e o Flash (Wally West, antigo Kid Flash). Com este grupo mais pequeno de heróis, a acção está mais focada e esta liga só trata de assuntos "maiores"... Os restantes "assuntos" ficam para as séries on-going de cada herói, de qualquer modo aquilo que se passa nas respectivas séries de cada um, pode influenciar de algum modo a Justice League of America, por exemplo o uniforme azul e novos poderes do Super-Homem... Eu nunca gostei do "tolinho" azul, mas mesmo assim prefiro-o no seu estado e uniforme normal a esse Blue Superman!
No primeiro arco de história estes heróis reúnem-se novamente para travar o Hyperclan, que aparece aos olhos do mundo como um grupo de heróis espaciais e benevolentes, que quer acabar com tudo quanto é mau na Terra, desde os desertos à fome passando pelo crime, etc. É claro que têm a sua própria agenda... !
Na segunda estória um novo Superman é apresentado, com novos poderes baseados em novas energias (o novo fato funciona como contentor aos novos poderes energéticos), e a Liga tem resolver um problema "celestial", ou seja, é apanhada no centro de uma guerra entre o "Céu" e o "Inferno", com anjos caídos à mistura...
Grant Morrison estava em grande nesta altura, as histórias fluíam bem e o público delirava!
Surgem de seguida Rock of Ages, Strenght in Numbers e um crossover com o grupo WildC.A.T.S!
A dupla Morrison/Porter continua a portar-se lindamente, embora as loucuras de Morrisson nem sempre tenham o resultado pretendido!
Na primeira estória, Rock of Ages, Grant Morrison faz uma autêntica “sopa” com ingredientes tão díspares como um “Injustice Gang” liderado por Lex Luthor, uma procura pela pela "Pedra Filosofal" a pedido de um ser cósmico (Metron) e discrepâncias temporais, tão ao gosto da editora DC. Esta estória é bem complexa, típica de Morrison, e inicia-se com um combate entre os membros da JLA e os seus contrários (hologramas de luz sólida). Não foi mais que uma pequena manobra de Luthor, que inicia aqui o seu plano de destruição da Liga. Depois disto os elementos da Liga separam-se com missões bem distintas. Todos os personagens são muito bem tratados na sua vertente psicológica, o enredo está excelente embora aquele salto no futuro seja um pouco confuso, mas para mim é onde estão as melhores vinhetas da estória. Pormenores negativos… As estórias da JLA neste ciclo são contidas mas recebem influência de linhas editoriais das séries individuais de cada herói. Assim, continuo a não perceber como é que o Superman ficou com aquele fato e obteve os seus novos poderes (embora já tivesse investigado isso), é-nos dito que a Wonder Woman está morta e Aztek cai do céu!
Apesar destes pormenores achei este “Rock of Ages” a melhor aventura da JLA que eu li até hoje.

Em seguida temos a apresentação e origem de Prometheus que vai ser o vilão de serviço no próximo arco: Strenght in Numbers.
Strenght in Numbers é uma boa estória, apesar de novamente o pormenor negativo que eu apontei no arco anterior também seja verdadeiro neste, ou seja, a Wonder Woman está a ser substituída na Liga pela sua mãe Hippolyta, e Diana ( a verdadeira e única Wonder Woman) subiu na carreira e agora é a Deusa da Verdade… nem sabemos como isto acontece, nem como ressuscitou, nem como a mãe vai parar à Liga! Bom… passando à frente, Prometheus consegue infiltrar-se no Quartel-General da Liga aproveitando um evento publicitário com muita imprensa, e tomando o lugar do pretendente a herói, Retro. Depois de entrar, Prometheus faz miséria da JLA… anula-os um a um sem apelo nem agravo! Vale à Liga a intervenção da Catwoman que se infiltrou também (como jornalista) … embora o objectivo primeiro desta fosse a sala de troféus da JLA
Esta é também uma boa estória, mas bem mais simples que a anterior!

Depois disto começam as bagunçadas normais das grandes editoras, neste caso a DC. A série estava a ter sucesso e então vamos misturar eventos, uns maiores, outros mais pequenos, ficando a linha temporal quebrada várias vezes. O evento DC One Million é aqui metido à pressão e sem necessidade nenhuma! Estragou a continuidade e não trouxe mais-valia nenhuma à editora…
Passando à frente, temos o arco Starro the Conqueror, onde Morrison foi buscar um antigo vilão do universo DC, precisamente Starro! O quartel-general da Liga da Justiça é invadido por uma poderosa personagem que é nem mais nem menos que Daniel, o novo Sandman! É o início de uma aliança para acabar com a invasão desses extraterrestres em forma de estrela. A batalha joga-se em várias frentes, desde o mundo dos sonhos ao ataque directo. Bom, Batman, como é seu hábito trabalha na sombra…
De seguida veio The Ultramarines, em que um completamente louco General Eilings constrói um grupo superpoderoso para acabar com a Liga da Justiça, acabando ele próprio por conseguir passar a sua mente para o corpo de um monstro indestrutível: Shaggy!
A última parte foi a que eu menos gostei porque cheirou a “crises” da DC, e eu estou um bocadinho farto delas… O arco chama-se “Crisis Time Five” e provoca a aliança da JLA com a Justice Society of America para conter uma ameaça inter-dimensional.
A minha opinião sobre a estrutura da JLA nesta altura… acho-a com membros a mais o que provoca uma certa dispersão do leitor.

Depois veio World War III, uma grande história, embora Morrison já se estivesse a repetir um pouco nalguns clichês. A JLA tem de defender a Terra de uma ameaça alienígena (again), The Ultimate Warbringer! Este conflito introduz muitas mais personagens, como os New Gods e a Injustice League! É um arco épico que lançaria as sementes para a Final Crisis.
Posso dizer que Howard Porter tem aqui talvez dos melhores momentos da sua carreira como desenhador.
A run de Grant Morrison na JLA aproximava-se do fim. Ainda houve tempo para um bom one-shot Earth 2, e para um JLA: Classified. Não gostei deste arco, é muito esquisito!
Grant Morrison e Howard Porter deixam a JLA na revista #41, sendo substituídos por Mark Waid e Joe Kelly.
Destes ainda acompanhei a Torre de Babel, mas fiquei-me por aí!
Penso que a run de Grant Morrison e Howard Porter foi a melhor de sempre deste super-grupo!
A partir daqui nunca mais teve o brilho e a identidade devido aos múltiplos megas crossovers e mudanças rotativas de autores. Ele foi Infinite Crisis, 52, Countdown to Final Crisis, Final Crisis… enfim, não há nada que resista a isto!

Recentemente a Justice League sofreu um reboot, assim como grande parte do Universo DC, mas não tive ainda contacto com esta nova série.

Texto: Nuno Amado.

3 comentários:

  1. Primeiro que tudo, Parabéns :)

    O Grant Morrison, é para mim um dos melhores argumentistas de sempre.
    Mas o que vou vendo é que se fica demasiado tempo num título, tem tendência para se perder e começar a "disparar" em todas as direcções, tal como no Strenght in numbers.

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    1. Sim, também acho Morison um dos maiores argumentistas de sempre. Ao menos não está a fazer o que fez em Strenght in Numbers com as novas histórias do Super.

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  2. rodabicicleta
    Obrigado pela exposição do meu texto.
    Só faltaram imagens!
    :(

    Abraço

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