Graças a uma recente parceria com a editora Saída de Emergência, que explica o logótipo na parte lateral do blog, foi-me enviado o primeiro volume de Monstress, Despertar. Trago hoje então a crítica a este maravilhoso livro, da autoria de Majorie Liu e de Sana Takeda.
O livro começa com a nossa personagem principal, Maika Meiolobo, a ser vendida como escrava num leilão. Depois de comprada por uma Cumaea, uma ordem de freiras cientificamente avançada, Maika revolta-se e procura uma antiga amiga da sua mãe, Yvette, também uma freira, que tem um fragmento de uma poderosa máscara, um objeto que a nossa protagonista procura. E, com todas as Cumaea à sua procura e um poder descontrolado que habita dentro dela, Maika tem de encontrar respostas às questões levantadas por uma fotografia que viu nos aposentos de Yvette. Num breve resumo, esta é a história. Isto se quiserem uma má descrição dela, pois na verdade toda a aventura é mais complexa. Em primeiro lugar, somos contagiados por um excelente mundo de fantasia, refrescante para a nossa década e que não responde a todas as perguntas de uma só vez. Pelos diálogos e pelos flashbacks de Maika com a sua amiga Tuya, vamos recebendo algumas informações sobre uma guerra que assolou este mundo e temos ainda na página final de cada capítulo, uma explicação relativa às raças ou a certas personagens mencionadas ao longo da narrativa. Em segundo lugar, há uma panóplia de intervenientes na ação, desde um grande número de Cumaea, alguns companheiros de Maika e, mais para o fim do livro, os membros da Corte do Ocaso. E todas as personagens são capazes de cativar minimamente os leitores, até mesmo as Cumaea que aparecem em meia dúzia de páginas até a Corvin, um membro da Corte do Ocaso muito carismático.
Também todo o mundo é incrivelmente detalhado. Cada espécie tem os seus costumes e, apenas ao olhar para o mapa do fim do livro, apercebemo-nos de que não conhecemos nem perto de metade dos locais assinalados. E isso é algo que quero ver nos livros seguintes: Maika é a protagonista ideal para viajar por todo o mundo. Desde os Humanos aos Anciãos, todos querem capturar ou pelo menos chegar até ela, dando-lhe oportunidade de percorrer este mundo tão extraordinário.
Agora, se aconselho o livro? Sim: é de facto uma história com inúmeras vertentes. Começa com um primeiro capítulo que se assemelha aos filmes de vingança e passa para uma história sobre o medo e o passado de alta categoria. Em cada página são introduzidos novos elementos que mantêm o leitor curioso e é de extrema facilidade identificarmo-nos com as personagens. No argumento, conseguimos ficar abismados com a mudança de sentimentos, que vão desde a solidão à raiva, da compaixão à crueldade. A arte também contribui para isso, numa arquitetura muito bem idealizada e com cenas de violência grotesca inimagináveis. Ao todo, é criada uma bela história sobre as cicatrizes da guerra, sobre o descontrolo, sobre a força de vontade e sobre a confiança. Com um elenco maioritariamente feminino, e uma das melhores personagens na sua frente, este livro é uma compra obrigatória.
Mesmo assim, sei que certas pessoas podem não ficar muito entusiasmadas por ser um lançamento de uma editora com poucos livros de banda desenhada no seu catálogo. Confesso que tive essa dúvida antes de começar a ler o livro mas depressa de desvaneceu: o profissionalismo da Saída de Emergência fazem esta obra rivalizar com outras de editoras exclusivas de banda desenhada e a editora merece o voto de confiança, para que mais livros possam ser publicados por ela. A edição é excelente, com papel e capa de grande qualidade, sem mencionar a tradução bastante apelativa.
Concluindo: a Saída de Emergência traz desta vez um grande livro, uma excelente história a que poucos ficarão indiferentes. Dando um novo significado ao género de fantasia, esta narrativa brutal e sentimental é aconselhada por mim a todos os que apreciem mundos grandiosos e protagonistas fortes e refrescantes. Monstress é altamente recomendado.